30/10/2014

It Should Be Easy - C1 - Cinderella

-----------------------------------

- Annie, será que dá para você levantar logo? - ouvi a voz do meu irmão mais novo, acordando.
- O que você quer, Maxon? - perguntei, sonolenta.
- Você prometeu me levar na casa do Harry hoje. - ele lembrou-me.
- Que horas são? - olhei as horas no meu celular. Ah não. 07:37. - Maxon, está falando sério? - resmunguei. - Não se vai à casa dos outros às 07:30 da manhã. Harry ainda deve estar dormindo.
- Mas Annie, a mãe do Harry disse que posso ir lá quando eu quiser. - ele pediu novamente.
- Quando der 08:00 eu te levo, pirralho. - murmurei, levantando-me. - Agora vai tomar café, que eu vou tomar um banho.

Maxon saiu do meu quarto, correndo para a cozinha. Entrei no banheiro e liguei o chuveiro, despindo-me e entrando no banho. 
Desde que tirei minha carteira de motorista tem sido um inferno. Tinha que levar Maxon para lá e para cá. Era casa de amigos, shopping, sorveteria. Para que fui fazer 16 anos mesmo?
Saí do banho, botando uma roupa qualquer. Desci as escadas até a cozinha, pensando. Não conhecia o tal Harry, devia ser algum amigo novo.
- Bom dia, mãe. - sentei-me à mesa, pegando um copo e enchendo-o de leite.
- Bom dia, filha. - minha mãe falou, preparando um ovo mexido. - Vai levar Maxon na casa de Harry?
- Vou - respondi. - Quem é ele?
- Meu amigo, ué. - Maxon disse, como se fosse óbvio.
- Ele é novo na escola. Já conheço a mãe dele, ótima pessoa, por sinal. - minha mãe fez o favor de me explicar.

Terminamos de tomar café, e Maxon pegou a mochila para irmos. Entrei no carro, e Maxon sentou-se no banco ao meu lado. Ele me deu o endereço, e dirigi até lá.
Deixei o carro encostado, e fui até a porta com Maxon, tocando a campainha.

- Max, tem certeza que seu amigo está em casa? - perguntei depois de algum tempo, e ele assentiu. Então, ouvimos o barulho da fechadura sendo aberta.

Um garoto - ou devo dizer homem? - que parecia ter mais ou menos a minha idade, uns 17, 18 anos, abriu a porta.

- Você deve ser Maxon. - ele disse, com uma voz rouca e suave, e um sorriso no rosto. - Sou Justin, irmão do Harry. - ele desviou seu olhar de Maxon para mim.
-Ah, oi. - murmurei, dando um pequeno sorriso. - Bom, Max, me ligue quando quiser ir para casa. Antes das 17:00.
- Tudo bem. - Maxon falou, beijando minha bochecha e entrando na casa. Quando a porta se fechou, voltei para o carro, dirigindo para casa. Lauren passaria lá por volta das 17:30 para nos arrumarmos para a festa de hoje à noite.

Sentei-me no sofá, ligando a TV. Estava passando ´The X Factor`, e o competidor estava cantando ´Royals´. Minha mãe entrou na sala cantando e dançando, me fazendo rir.

- Que isso, dona Fernanda? - ri.
- Não posso dançar não, dona Annelise? - minha mãe me imitou.
- Lauren vai vir aqui. - avisei-a, mudando completamente de assunto.
- Tudo bem. Só não se esqueça do seu irmão.
- Não vou me esquecer. - respondi. - E hoje à noite eu vou sair.
- Para onde? Com quem? - ela disparou as típicas perguntas maternas.
- Casa da Hanna. Com a Lauren. - e também com praticamente a escola inteira, e mais gente que não era da escola, mas essa era uma informação que ela não precisava saber. 
-Ok. Se é com a Lauren, tudo bem. - ela confiava muito em minha melhor amiga, não sei nem porque. Achava que ela era uma boa influência. Mal sabia ela das loucuras que Lauren cometia... 

Fiquei vendo ´The X Factor` até a hora do almoço. Almocei, e logo depois meu celular começou a tocar. Vi o nome de Maxon escrito, e atendi.

- Oi, Max. - atendi.
- Harry me chamou para dormir aqui. Posso? - ele pediu.
- Mãe, - gritei. - Max pode dormir na casa do Harry?
- Fala que eu vou ligar para a mãe dele - ela respondeu, gritando da cozinha.
- A mamãe vai ligar para a mãe do Harry. - falei.
- Preciso que você traga algumas coisas para mim. - ele pediu.
- Ah, Maxon, eu não sou sua escrava. - resmuguei.
- Por favor, minha irmã mais linda que eu amo muito, traz algumas coisas para mim? 
- Chantagem emocional, sério? - ri. - Onze anos na cara, e ainda não percebeu que isso não adianta comigo?
- Sério, Anne... Por favor, eu preciso. Tipo, preciso que traga minha escova de dentes, e meu carregador. - ele implorou.
- Tá bem, pirralho, eu levo. Mas você nem sabe ainda se vai ou não dormir aí. 
- Você sabe que a mamãe vai deixar. Ela sempre deixa tudo. - ele falou. Era verdade, ela deixava tudo.
- O que você precisa? - perguntei, bufando. Só Maxon mesmo. Eu faria de tudo por esse pirralho, porque ele é o meu amor maior. Se eu tenho um ponto fraco, esse ponto fraco é Maxon. Daria minha vida pelo meu irmão.
- Minha escova de dente, meu carregador, e uma roupa. Camisa, bermuda e cueca. - ele pediu.
- Sério? - ri. - Vamos ver as cuequinhas do meu irmão. - soltei uma gargalhada, indo até o banheiro e pegando sua escova de dente, junto ao carregador, que estava na tomada do banheiro. Fui até seu quarto, e peguei uma camisa, uma bermuda e uma cueca, como pedido. - Vou falar com a mamãe e passo aí. 
- Obrigado, irmã. - ele agradeceu.
- De nada, Max. - desliguei, e desci até a cozinha, onde minha mãe estava. Ela praticamente vivia na cozinha. - Mãe, o meu irmão vai dormir lá? - perguntei.
- Espera cinco minutinhos. - ela mandou-me esperar, pois estava no telefone. Ficou um tempo lá, pelo visto falando com a mãe de Harry, e desligou. - Ele vai dormir lá.
-Opa, mamãe vai ter a casa só para ela essa noite. - ri, e ela fez uma cara brava, mas acabou caindo no riso.
- Para de palhaçada, Annelise.
- Ah mãe, qual é, você não trouxe ninguém pra cá desde que, você sabe, o papai se foi. Já tá na hora da fila andar, mulher.
- Deixa isso comigo, filha. Quando for a hora certa, a pessoa certa, eu vou saber. Agora vai lá levar essas coisas pro seu irmão. - ela mudou de assunto.
- Volto logo. - avisei, pegando a chave do carro, e saindo.

O caminho inteiro fui pensando no meu pai. Ah, meu pai. Se tem um homem que admiro muito no mundo, esse homem é meu pai. Ele morrera por minha mãe. Ele morrera por mim, e pelo meu irmão. Nunca vou esquecer o dia de sua morte. 

Flashback 

-Sai do carro- um homem gritou. - Sai todo mundo do carro agora.

Minha mãe pegou Maxon no colo, e meu pai segurou minha mão, me tirando também.

-Passa tudo que você tem de valor. - ele apontou a arma para a minha mãe, que ainda estava com Maxon no colo.
- Moço, por favor, eu tô com uma criança de três anos e uma de oito, olha minha situação. - minha mãe chorava.
- Passa tudo, ou eu atiro na sua mulher e no seu filho. - ele gritou, e meu pai começou a entregar tudo.
-Bom menino... pena que não adiantou nada. Você tá brincando com a minha cara? Tudo o que tem é o seu carro, e um monte de papel, uma caneta, e esse celular bosta? - o homem berrou.
-Pelo amor de Deus, é só isso que eu tenho. Me deixa ir embora, por favor. Olha a minha família, me deixa salvar eles. - meu pai implorou, e eu estava aos prantos. 

O homem mirou em meu irmão. Nas costas dele, a arma estava apontada para lá. Ele se preparou para matar meu irmão, meu Maxon. Uma criança inocente. Ele puxou o gatilho, e um estouro soou. Tudo o que vi depois, foi o homem entrando no carro, e indo embora, fugindo. Então, vi meu pai deitado no chão, uma poça de sangue no chão. Ele havia se jogado na frente de Maxon e de minha mãe. Ele havia morrido, para salvar Maxon.

Fim do Flashback.

Sequei o rosto, pois algumas lágrimas haviam escapado ao lembrar-me daquela horrível cena. Estacionei o carro na frente da casa de Harry, e saí, tocando a campainha. O mesmo garoto, Justin, atendeu-me.

-Oi, vim trazer isso para o Maxon. - falei.
-Ah, ele está lá dentro. Se quiser subir... - ele ofereceu, e entrei. A casa era bonita, espaçosa. Justin indicou a escada, vindo logo atrás de mim. Reconheci logo o quarto do tal Harry, porque tinha um grande adesivo escrito Harry. Bem, não tinha como se confundir.

Bati na porta, e Justin soltou uma risada.

- Eles nunca vão ouvir você batendo. - ele comentou, abrindo a porta. - Aí, sua irmã tá aqui. - Justin falou, para Maxon, e saiu, descendo as escadas.

Maxon saiu do quarto, e pegou as coisas da minha mão.

- Obrigada, maninha. - ele beijou minha bochecha.
- Obrigada nada. Está me devendo uma. - avisei.
- Vai nessa... - ele riu, voltando para dentro do quarto.
- Idiota. - murmurei, descendo a escada, que dava para a sala.
- Irmãos, todos iguais. - Justin riu.
- Então, vocês são novos aqui? - perguntei, curiosa. Eu nunca havia visto Harry nem Justin por ali.
- Nascido e criado em Chicago, e agora vim para a Cidade dos Anjos. - ele contou.
- Nossa, uma mudança e tanto. - comentei.
- Ainda não me disse seu nome. - ele disse.
- Ah, sim. - ri. - Annelise. 
- Annelise... Então, Annelise, o que as pessoas fazem numa sexta-feira à noite em LA? Por que tô sem nada pra fazer hoje. - ele me olhou, com um sorriso idiota.
- Bom, hoje vai ter uma festa. - olhei-o, com um olhar desconfiado. - Não sei o endereço certo, mas é na casa de uma amiga.
- Interessante. - ele riu. - E que horas é essa festa?
- Começa às 19:00.
- E eu estou convidado? - ele levantou-se do sofá.
- Todos estão, por que você não estaria?
- Sei lá, porque acabei de chegar na cidade? - ele falou, obviamente.
- Te vejo lá, então?
- Se pudesse antes... Não sei o endereço, lembra?
- O que quer que eu faça? - ri. - A culpa não é minha.
- É sim, se você soubesse o endereço, estaria tudo resolvido. - ele sorriu. - Mas então, posso passar na sua casa, e vamos juntos para a festa? Já que é na casa da sua amiga, sabe ir até lá, né?
- Na verdade eu não sei, mas minha amiga que vai comigo sabe. - falei. - Pode passar lá sim. Maxon te dá o endereço. Vai pra lá umas 19:00 mesmo. Festa no comecinho nunca tem graça.
- Até lá então, Annelise.
- Até lá, Justin. - falei, e ele abriu a porta para mim. Saí, indo até meu carro. Fui para casa, e quando cheguei, Lauren já estava lá. 

- Annie, finalmente. - Lauren me abraçou, pulando no meu colo.
- Louca, vamos subir logo. - ri, puxando ela escada acima.
- Já sabe sua roupa? Eu trouxe a minha. - ela tirou da bolsa um vestido preto com alguns brilhos, e ele era aberto nas costas. Ia até a metade das coxas.
- Cara, que vestido lindo. Pena que o meu é mais. - tirei do meu armário um vestido, também preto, que ia até o meio das coxas também, mas ele tinha uns detalhes que o deixava perfeito.
-Wow, Parker. Tá querendo, hein. Até eu vou querer te pegar com esse vestido. - ela riu, se despindo, para vestir-se em seguida.
- Cala a boca, Lauren. - ri. - Ah, e o irmão do amigo do meu irmão vai passar aqui. - avisei-a.
- Espera aí. O irmão do amigo do seu irmão. - ela pensou, demorando a entender. - Ah, sim. Passar aqui pra que?
- Ele vai para a festa com a gente. - contei.
- Hmmm to sentindo que rolou um clima entre vocês dois... - ela riu.
- Nossa, conheci ele hoje, super clima. - falei, trocando de roupa.
- Ah, vai, Annie. O que aconteceu para você chamar ele pra festa? - ela perguntou. 
- Nada demais, Lauren. Sei lá, ele é novo aqui, e fiquei com pena por ele não ter amigos ainda. Só isso. - contei para ela, indo até o espelho. 

Era verdade. Sentira pena de Justin, por ele estar excluído, por não ter nada para fazer. Qual é, que tipo de adolescente passa uma noite de sexta-feira em casa com as crianças? Pelo amor de Deus, só fiz um ato de bondade e já acham que estou dando em cima do menino.

- Então, que horas seu peguete passa aqui? - Lauren riu.
- Justin - enfatizei o nome - passa aqui às 19:00. Que horas são?
- Melhor se apressar, Cinderella, porque já está quase na hora. - ela disse, calçando os sapatos.

Terminei de me maquiar, e calcei meus sapatos, pegando a bolsa e descendo. Assim que descemos, ouvimos a campainha tocar.

- Opa, o seu peg... - ela viu a cara feia que eu fazia para ela. - Justin chegou.
- Cala a boca. - falei para ela. - Mãe, estamos indo. - avisei minha mãe, gritando.
- Tem dinheiro? - minha mãe perguntou, também aos gritos.
- Tenho, relaxa. Tchau, mãe. - apressei-me, abrindo a porta e dando de cara com Justin.
- Tchau, filha. Tchau, Lauren. - minha mãe gritou, provavelmente da cozinha. Aquela lá praticamente morava na cozinha. Sinceramente, queria saber o que ela tanto faz lá.
- Tchau, tia Fernanda. - Lauren gritou, em resposta.
- Oi, Annelise. - Justin sorriu, me cumprimentando.
- Oi, Justin. - também sorri, sendo educada. - Essa é Lauren. A minha amiga, que sabe o caminho.
- Ah, sim. Oi. Sou Justin. - ele sorriu, dando dois beijos nas bochechas de Lauren.
- Lauren. - ela falou, apesar de já ter sido apresentada.
- Então, você vai no meu carro? - perguntei, dirigindo-me à Justin.
- Pode ser. - ele concordou, e fomos até meu carro. Lauren foi dando as direções, e chegamos à casa de Hanna. 

A casa era imensa, e já estava lotada. A música alta tocava, e tinham muitas pessoas em todos os lugares. Dentro da casa, no enorme jardim, e na área da piscina. Provavelmente a escola inteira estava ali.

- Bom, chegamos. - comentei, indo até a porta, que estava aberta. 
- Pronto para conhecer uma festa de verdade, Justin? - Lauren sorriu, e Justin soltou uma risada.
- Ah, e como. - então, Justin foi até o meio de todos, e começou a dançar. Simples assim, no meio de todo mundo. Ri com a cena, e ele olhava para mim e para Lauren. - Qual é, não vão vir?
- Vai ter que me obrigar. - ri, e olhei para Lauren. Lauren? Que nada. Lauren já estava lá, dançando, ao lado de Justin.
- Vai fazer doce, Annelise? - Justin riu. - Anda logo. - ele veio até mim, e me puxou para onde estava, realmente, me obrigando a dançar.
-----------------------------------------

Nenhum comentário:

Postar um comentário