24/11/2014

It Should Be Easy - C5 - Perfect


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Por incrível que pareça, dormi perfeitamente essa noite. Nenhum pesadelo, nenhuma perturbação. Acho que ter aceitado a morte de meu avô me fez bem. Aceitado, não esquecido. Nunca esqueceria.

Levantei da cama e fui até o banheiro, trocando de roupa. Lavei meu rosto e escovei os dentes, e fui até a sala. 

-Annie! - Maxon gritou, vindo para cima de mim. - Sua velha.
-Nossa, obrigada pelos parabéns, feliz aniversário e tudo mais. - ri.
-Ai, sem essa melação. - Max reclamou. - Aniversário é só você ficando mais velha. Era para ser uma data triste.
-Vai me deprimir no meu aniversário, pirralho? - reclamei também, soltando-o. 
-Anne, meu amor. - minha mãe veio da cozinha, com um sorriso que eu não via há dias. - Dezessete anos... como o tempo passa. - ela me abraçou.
-Mãe... - resmunguei, rindo.
-Ai, Annie, é difícil ver vocês crescendo. - ela riu, também. - Parabéns, minha filha.
-Obrigada, mãe. - sorri. - Justin chamou nós três para ir hoje mais tarde na casa dele, disse que ia pedir para a mãe dele fazer um bolo, nada demais. Só a gente mesmo.
-Que lindo, arrumou um ótimo namorado. - minha mãe sorriu.
-Ele não é meu namorado. - soltei, na hora.
-Aquele dia conversei um pouco com ele, vi que é um menino muito educado e que cuida muito bem de você. - ela ignorou o que eu falei.
-Mas ele não é meu namorado, é meu amigo. - acrescentei.
-Ainda não é, mas vai ser, espero eu. - ela comentou, sorrindo. - Que horas vamos para lá?
-18:00, nem um minuto antes, nem um minuto depois. - repeti o que Justin falou, e sentei-me no sofá, para ficar o dia ali.

JUSTIN'S P.O.V.

-Ryan, traz logo isso para cá. - pedi, nervoso. Ainda eram 11:00, mas tudo tinha que estar perfeito. 
-Calma, Justin. Vai dar tudo certo. - ele acalmou-me, fazendo o que pedi.
-Tá nervoso, Bieber? - Chris riu, empurrando-me.
-Cara, você não tem noção do que é a mulher do Justin. - Chaz falou, para Chris. - Ele tem razão em estar nervoso.
-Agora tô ansioso pra conhecer. - Michael riu, enquanto arrumava algumas coisas.
-Limpa a boca pra falar da Annie, Chaz. - avisei. - Cara, ela chega 18:00. Dá tempo de fazer tudo, né?
-Dá e sobra, Bieber. - Ryan falou. - Já organizei o negócio das músicas, Chaz tá responsável pela comida. Mike tá vendo os convidados, e o Chris tá conseguindo as bebidas. Relaxa, agora é só você focar na sua parte.
-Cara, você é foda. - elogiei-o. Ryan era, realmente, foda. Eu podia contar sempre com ele, para qualquer coisa.

Ele era meu amigo de infância, desde que nasci. Quando me mudei de Chicago, ele já morava aqui há um tempo com Chaz, que também morava em Chicago. Sempre fomos nós três, mas entre mim e Ryan existia uma irmandade que não existia com Chaz. Ryan sempre foi meu irmão, meu parceiro.

Subi para o meu quarto, e peguei um pedaço de papel. Precisava escrever algo para Annie. Mas o que?
Annie era maravilhosa. No momento em que a vi, quando ela veio deixar Maxon, senti algo intenso, algo que nunca havia sentido antes. Mas botar aquilo, tudo o que sentia, em palavras, era difícil. 

-Aí, Justin! - ouvi o grito de Chaz. 
-Fala, Chaz. - respondi, levantando-me e descendo as escadas.
-Tá tudo pronto. O pessoal da decoração está vindo, vai ficar perfeito. - ele sorriu, orgulhoso.
-Obrigado, cara. De verdade. - agradeci, abraçando Chaz.
-Nada, Bieber. Tô aqui pra isso, ajudar sempre. - ele falou. - Agora vou pra casa, porque hoje vai ter uma festa na casa de um tal de Justin Bieber, e fiquei sabendo que ele vai conquistar de vez a mulher da vida dele, e não quero perder por nada, então tenho que me arrumar. - ele riu, batendo na minha mão.
-Aparece lá pelas 17:30, beleza? - pedi.
-Pode deixar. - ele sorriu, e foi embora.

ANNELISE'S P.O.V.

17:47. Eu já estava pronta, mas minha mãe estava enrolando.

-Mãe, vamos nos atrasar. Anda logo. - pedi. - Ele disse pra chegar na hora, vamos.

Ela apareceu na sala, estava linda. Pedi para ela ser bem simples, mas ela estava maravilhosa. Um vestido lindo, nem parecia que era minha mãe.

-Mãe, meu Deus! Você está linda. - abracei-a.
-Vamos logo, Annie. - ela sorriu, indo até a porta. 

Entrei no carro, ela foi dirigindo. Eu estava vestida com uma saia e uma camisa, um tanto simples. Minha mãe estacionou o carro na porta da casa de Justin, e saltamos. Paramos os três em frente a porta, e Maxon tomou a atitude de tocar a campainha.

Um garoto loiro veio abrir a porta, eu não o conhecia. Ele sorriu ao nos ver.

-Annelise? - ele perguntou.
-Sou eu. - respondi.
-Entra. - ele convidou-nos. Entramos, e a casa estava toda escura, apagada. - Vou precisar que você espere aqui, Annelise. Os dois podem vir comigo. - ele chamou minha mãe e meu irmão, e eles foram para a parte externa da casa, o quintal.

Logo vi Chaz, o gordinho. Ele veio até mim, sorrindo.

-Fala, Annie. - ele sorriu, beijando minha bochecha.
-Cara, eu falei pro Justin não inventar nada... - resmunguei.
-Relaxa, garota. - ele riu. - Só aproveita, tá?
-Vou tentar. - ri, nervosa.
-Vem, agora é a sua hora. - Chaz segurou minha mão, e me conduziu até o quintal também.

Meu Deus. Estava tudo maravilhoso, perfeito. O quintal estava todo decorado, com luzes e enfeites. Tinham várias pessoas ali, vários rostos conhecidos. Entre eles, Lauren. Babaca, sabia de tudo e não me falou nada. Ela sorriu para mim, fazendo um sinal positivo com a mão. " Te odeio " sussurrei, para que ela pudesse fazer leitura labial, e ela riu.

E então, vi Justin. Na lateral do quintal, tinha um pequeno palco. Como ele conseguiu aquilo? Ótima pergunta. Mas o que importa é que ele estava ali em cima, sentado em um banquinho, com um violão no colo.

-Você é inacreditável. - murmurei, negando com a cabeça. Aquilo não estava acontecendo.

-Isso aqui tá funcionando? - Justin falou, no microfone, fazendo todos olharem para ele. - Então... Eu até tentei, mas não consegui preparar nada para falar aqui, então vai ser no improviso. - ele avisou.
-Fala logo, Bieber. - o loiro da porta gritou. - Sem enrolação!

-Cala a boca, Christian. - Justin falou, e todos riram. - Cara, Annelise. - ele sorriu, bobo. - Eu não sei o que falar. Literalmente. - ri. - Não, agora sério. Há, sei lá, quatro dias atrás eu te vi pela primeira vez. Você foi deixar o seu irmão lá em casa, porque ele é amigo do Harry, meu irmão. Falando nisso, obrigado Harry e Maxon por existir. Se não fosse por vocês, eu não teria conhecido a Annie. Quando eu te vi ali, Annelise, toda sem graça, dizendo que voltaria para buscar o irmão, eu já sabia. Já sabia que queria você pra mim, que queria que você fosse só minha. Não sei se você acredita nisso, mas acho que foi uma espécie de amor à primeira vista. Paixão à primeira vista, talvez, algo assim. Aí você me chamou para a festa. Cara, aí eu tive certeza que você estava me dando mole. - ele riu, e eu também. - Tudo bem, aí nós fomos. E eu cometi um erro, que não precisa ser revelado, até porque já foi perdoado e esquecido. Mas naquela noite, eu decidi que queria você. E eu me entreguei, como nunca antes. Chega de contar historinha, já deu, né? Mas naquela noite, Annie, eu liguei para Ryan, e falei: eu encontrei a mulher da minha vida. Você, e apenas você. Podemos ser novos, crianças ainda, aos olhos de muitos. Mas Annelise, eu nunca senti algo parecido ao que senti quando te vi.

-PARA DE ENROLAÇÃO, BIEBER! - Chaz gritou, rindo.

-Porra, cala a boca, babaca. - Justin riu, ao microfone. - Acredito que seja amor, Annie. - ele continuou. - Annelise Parker, eu te amo. Desde o primeiro momento, eu te amo. Quero te consolar nos momentos difíceis, e estar ao seu lado nos felizes. Obrigada por ser assim, e por me fazer ser assim. E... Annie... - ele hesitou, olhando para baixo. - Me faz feliz? Namora comigo? - ele pediu, agora, encarando-me.
-Cara... - ri, olhando para baixo. Eu estava chorando, confesso. Era possível não chorar? Um coro de "aceita" começou a se formar, e eu soltei uma risada. - Queria, antes de tudo, te agradecer. Por não ter me abandonado, por se preocupar, obrigada. E sim, eu aceito, Justin. Eu aceito ser sua namorada, e te fazer feliz, e ser feliz ao seu lado. - sorri, e Ryan, que estava ao meu lado, me empurrou para a escadinha que dava para o palco. Justin entregou o violão para Ryan, e levantou-se.
-Eu te amo, Annelise Só Parker. - ele riu, abraçando minha cintura, me levando para perto dele. 
-Também te amo, Justin Drew Bieber. - ri.
-Feliz Aniversário. - ele disse, me beijando, ali, na frente de toda aquela gente.

E naquele momento, eu me esqueci de tudo. De tudo que estava passando, de tudo que já havia passado. E não me preocupei com o que vinha pela frente, com o que ainda iria passar. Só pensava no presente, no que estava acontecendo. Nos braços dele ao meu redor, e, agora, meu rosto em seu pescoço, num abraço.

-Obrigada por tudo. - murmurei, em seu ouvido. - Você é louco. Falei que não queria nada demais.
-Vai dizer que não gostou? - ele sorriu, afastando-se.
-Eu adorei. - ri.
-Ainda não acabou, pequena. - ele sentou-se no banquinho, pegando o violão da mão de Ryan. - Não disse que um dia, você ia me ver cantar?

Sorri, e desci as escadas, para vê-lo lá de baixo. Fui até Lauren, aquela idiota.

-Sua babaca, te odeio. - dei um tapa em seu braço, e ela riu.
-Idiota, eu não sabia até algumas horas atrás. Juro. - ela riu. - Justin organizou tudo, com uns amigos dele. Tem um tal de Michael, que meu Deus, que garoto lindo.
-Ih, lá vai... - ri. - Coitado do garoto, você vai começar a perseguir ele.
-Ai, cala a boca, Annelise. Olha lá, seu namorado vai cantar pra você.
-Babaca. - ri, virando-me para o palco, onde Justin começava a tocar.

Ele começou a tocar "XO", da Beyoncé. Essa música havia tocado na festa, antes de nosso primeiro beijo.
Podíamos nos conhecer há apenas alguns dias, mas agora, eu via claramente: eu estava apaixonada por Justin. Aquilo que disse para Lauren, sobre nada de paixão... era apenas uma ilusão. Eu estava perdidamente apaixonada por ele.

-Meu amor... - minha mãe veio me abraçar, com lágrimas no rosto. - Você merece isso, minha filha.
-Ah, mãe... - sorri, abraçando-a.
-Eu não conheço Justin direito, mas você viu o que ele fez? Viu essa festa linda, e todas aquelas palavras? E essa música... - ela segurou minha mão, maravilhosa.

Justin levantou do banquinho, e fez um gesto com a cabeça para eu subir no palco. Ri, e fiz o que ele pediu.

"Your face is all that I see
I'll give you everything
Baby love me lights out"

Sorri, e Justin terminou a música.

-Você é tudo que eu vejo, pequena. - ele sorriu, e me abraçou.
-Tá bem, tá bem, chega de melação, casal. - Ryan subiu no palco, pegando o microfone. - Agora, será que dá pra começar a festa?

Havia uma mesa de DJ no outro lado do quintal, e a música alta começou a tocar. Desci do palco, indo até minha mãe, que me chamava.

-Olha, eu vou pra casa. Sabe que não gosto dessa pertubação, e tenho umas coisas para fazer lá. - percebi que ela estava mentindo. Ela realmente não sabia mentir.
-Umas coisas? - ri.
-É, depois te falo. Maxon vai para a sua avó, ela está precisando de companhia.
-Tudo bem. Mais tarde vou para casa. - avisei.
-Então tá. - ela beijou minha bochecha, e foi.

-Gostou? - ouvi a voz de Justin atrás de mim.
-Muito. - sorri, virando-me para olhá-lo.
-E então, minha namorada, e agora? - ele sorriu.
-Agora, meu namorado, eu quero saber quem é esse tal de Michael. - ri, lembrando de Lauren.
-Sério? - ele riu, e eu assenti. - É um amigo que me ajudou a organizar isso tudo. Por que, tá querendo me trair, é?
-Não, bobo. - ri, abraçando-o. - Lauren tá de olho nele. - falei, e ele riu.
-Tá zoando né? - ele olhou-me. - Lauren, de olho no Mike?
-Sério, cara. - ri.
-Ele tá ali, olha. - Justin apontou para um loiro, que conversava com Chaz.
-Será que ele pegaria a Lauren? - perguntei, sorrindo.
-Não custa perguntar. - Justin riu, me empurrando naquela direção. Idiota.

Fui rindo até o tal Michael, e Chaz foi quem me viu primeiro.

-Fala, baixinha. - ele me abraçou, com um sorriso. - Aí, Mike, essa que é a princesinha do Bieber.
-Oi. - ri, olhando o menino que Lauren estava a fim. Até que não era tão ruim, diferente do último com quem ela havia ficado.
-Como não saber, né? Foi por ela que acordei 8:00 da manhã, pra preparar isso tudo. - ele riu.
-Justin é um idiota mesmo, falei que não precisava de nada. Mas não vim aqui falar da idiotice do meu namorado, vim falar da minha amiga, a Lauren, aquela ali. - apontei para Lauren, que dançava. Aquela ali não parava quieta.
-Que que tem ela? - Chaz perguntou.
-Acho que ela quer ficar com você, Michael. - falei, rindo. Lauren ia me matar.
-Sério? - ele perguntou.
-Sério. - falei. - Vai lá falar com ela. - empurrei-o na direção de Lauren, e ele foi até ela.

Voltei até onde Justin estava, rindo.

-Ele foi falar com ela. - contei.
-Somos o casal cupido. - ele disse, me fazendo sorrir.
-Sabe que eu teria ficado muito feliz só com um bolo, não sabe? Só de estar com você, já estaria feliz.
-Eu sei, pequena. Mas você merece mais do que só um bolo. - ele falou.
-Ai, você merece mais que um bolo, pequena. - Ryan chegou, zoando Justin. - O que você fez com o machão Justin Drew Bieber, Annie? Ele nunca foi tão viadinho.
-Cala a boca. Viado é você, porque eu tô com uma mulher bem aqui. - Justin rebateu.
-Não sabia que era lésbica, Bieber. - Ryan soltou uma risada, e pude ver que ele já estava um tanto alterado.
-Não discuto com bêbado. - Justin riu.
-Nem eu com viado. - Ryan sorriu. - E aí, Annie, gostou da festa?
-Gostei, Ryan. - falei, olhando-o, rindo. Meu celular vibrou em minha bolsa, e vi que era minha mãe. - Já volto, preciso atender.

Fui até a rua, por conta do barulho, e atendi o celular.

-Oi, mãe. - atendi.
-É a filha da Fernanda Parker? - uma voz de homem soou.
-Quem é? - perguntei.
-Preciso que venha imediatamente ao Hospital St. Joseph. Sua mãe sofreu um acidente de carro.
-Minha mãe? - falei, incrédula. Aquilo não estava acontecendo.
-Ela está em estado grave. Preciso de um familiar aqui. Liguei para o número no celular dela que dizia "Annie", e estava salvo como filha. Preciso que venha logo.
-Daqui a pouco estou aí. - falei, e corri para dentro da casa. Procurei por Justin, mas não achei. Lauren também havia sumido. Ryan estava bêbado. Chaz, se pegando com uma menina. Ninguém estava ali.

Voltei para a rua, e chamei o primeiro táxi. Pedi que ele me deixasse no hospital, e assim ele fez. Paguei, e saí, indo até a recepção.

-Minha mãe sofreu um acidente, Fernanda Parker. - falei, desesperada.
-Aguarde aqui, que o médico responsável já vem te dar informações. Vou avisar a ele que um familiar chegou. - ela disse, e sentei-me em uma cadeira qualquer ali, na sala de espera.

"Annie, cadê você? Se der, me encontra aqui fora." era de Justin. Merda, por que isso tinha que acontecer? Estava tudo perfeito.
"Justin, eu estou no hospital. Minha mãe sofreu um acidente de carro." digitei, sentindo o que aquelas palavras passavam, e enviei. Minha mãe. A única pessoa que eu ainda tinha, havia sofrido uma acidente grave.

Minha família era amaldiçoada, só pode. Meu pai, meu avô... e agora, minha mãe. Não. Ela não iria morrer. Não podia sequer pensar nisso.

-Familiar de Fernanda Parker? - um médico perguntou.
-Eu. - levantei-me da cadeira onde eu estava sentada, e ele veio até mim.
-Sua mãe sofreu um acidente de carro, e ela provavelmente estava sem cinto. Ela bateu a cabeça no vidro, e o carro capotou. Tem alguns ossos quebrados, mas a minha preocupação maior é a cabeça. Ela perdeu também muito sangue, estamos fazendo uma transfusão. Ela terá que fazer uma cirurgia para tirar os pedaços de vidro da cabeça, mas não é possível saber se ela terá alguma sequela dessa cirurgia.
-Ela... ela está acordada? - perguntei.
-Demos um sedativo, então ela está inconsciente. Mas em torno de meia, uma hora ela deve acordar. - ele informou-me.
-Me avise, quando ela acordar. - pedi.
-Pode deixar. - ele garantiu, e foi embora.

Sentei-me na cadeira, desabando. Meu celular vibrou novamente, com a mensagem de Justin.

"Fica calma, que hospital?"
"Não precisa vir, Jus. Fica aí, na festa." pedi.
"A aniversariante já foi embora, não tem porque ficar."
"Hospital St. Joseph." cedi, vendo que precisava dele aqui.
"Ok" ele mandou, por fim.

Não era possível. Acontecia algo bom, mas logo em seguida, vinha algo muito pior. Era impossível ser feliz.

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18/11/2014

It Should Be Easy - C4 - Human

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Acordei na cama de Maxon, com ele segurando minha mão. Levantei-me com calma para não acordá-lo, e fui até o banheiro. Meu rosto estava inchado de tanto chorar.

Peguei meu celular, e haviam algumas mensagens de Justin, e uma de Lauren.

"Annie, estou ainda com o seu carro. Passo aí mais tarde para te devolver" ela ainda não sabia. Ela havia mandado a mensagem às 8:00 da manhã, e já eram 14:00.

"Annie, você está bem? Precisa de algo?" essa era de Justin.
"Desculpe ser chato, mas só me preocupo com você... quero te ver bem, sorrindo. Se tiver algo que eu possa fazer, me avise."
"Vou precisar resolver algumas coisas hoje. Mas de noite vou passar aí para te ver, ok?"

"Tudo bem, Jus. Obrigada por tudo. Você é o melhor." respondi, e botei o celular em cima da pia. 

Lavei o rosto, esperando que aquilo diminuísse o inchaço. Só queria passar a tarde no sofá, olhando para o teto, sem falar com ninguém. 

E foi exatamente isso que eu fiz. Peguei um cobertor e deitei-me no sofá, ligando a televisão. Botei em um canal qualquer, mas nem prestando atenção eu estava. Amanhã seria o enterro do meu avô, e saber que aquela seria a última vez que eu o veria, me fazia muito mal.


A campainha tocou, já imaginei que fosse Lauren. Levantei-me, e destranquei a porta.

-Anne? - como eu imaginava, Lauren estava ali. - Cara, o que houve? - ela me abraçou, e voltei a chorar. Era incontrolável, as lágrimas rolavam pelo meu rosto e soluços saíam de minha boca. - Fica calma, Annie.

Ela me levou até o sofá, fechando a porta. Sentamos, e ela voltou a e abraçar.

-O meu avô, Lauren. - falei, entre soluços. - Ele... ele morreu.
-Ah... - ela me abraçou mais forte. - Annie, fica calma. Ele tá bem, agora. - soltei-a, limpando meu rosto. Percebi que Lauren também queria chorar.

Foram tantas as tardes que passei com ela na casa de meus avós, comendo bolo feito pela minha avó, e tomando sorvete que meu avô comprava só para a gente... Ele também era especial para Lauren. Era como um avô para ela, também.

JUSTIN'S P.O.V.

Dirigi até a casa de Ryan, assim que acordei. Avisei para Annie que só poderia passar lá à noite, e fui cumprir minhas obrigações. 

Bati na porta, e Ryan veio abrir.

-Fala, apaixonado. - Ryan riu, me dando passagem.
-Palhaço. - ri. - Cara, cadê o Chaz? Tô tentando falar com esse babaca desde ontem.
-Somos dois. Deve estar com mulher. - Ryan soltou uma risada. - Falando em mulher... cara, que mulher é essa que você pegou?
-Já falei pra tirar o olho, Ryan. - falei, agora sério.
-Calma, Bieber. - ele riu. - Não pego mulher de amigo.
-Melhor mesmo. - resmunguei.
-Qual foi, não confia na tua mulher? Acha que ela não vai resistir aos encantos de Ryan Butler? - ele riu.
-Cala a boca, Ryan. - falei. - Cara, preciso de vocês pra uns negócios aí. Chama o Chris e o Michael também.
-Ih, lá vem. - Ryan resmungou. - Explica isso direito.
-Não é nada demais, idiota. Não vai me zoar, mas tem a ver com a Annie.
-Só pensa nela agora, é? - ele riu.
-Cara, ela tá mal. Perdeu o avô.
-Putz, mas cara, o que eu posso fazer? Não sou Deus pra ressuscitar o avô da menina não. - Ryan olhou-me.
-Tava pensando em botar ela pra cima. 
-Como?
-Maxon deixou escapar que o aniversário de 17 dela é essa semana. Depois de amanhã. - contei, esperando que Ryan entendesse.
-Ah, irmão. Prepare-se para conquistar de vez sua garota. - Ryan riu, entendendo-me. Esse aí nunca me decepcionava. 

ANNELISE'S P.O.V.

O dia passou, e eu nem vi. Passei a tarde deitada no colo de Lauren, vendo televisão. Não quis comer nada, pois estava sem fome. Minha mãe passou o dia no quarto, com Maxon. Quando deu mais ou menos 18:00, Lauren teve que ir, e fiquei sozinha.

"Annie, estou chegando aí." vi a mensagem de Justin, e ajeitei-me no sofá, sentando. Levantei, para pegar um pouco de água. O choro havia cessado, finalmente. Não sei como eu não havia desidratado de tanto chorar. Parecia que a água inteira do meu corpo havia saído por meio de lágrimas.

A campainha tocou, e fui atender. Justin estava ali, com um sorriso no rosto.

-Oi, Annie. Está melhor? - ele abraçou-me, e assenti, afirmando.
-Obrigada por vir. - agradeci.
-De nada, pequena.  - abri mais a porta, dando passagem para ele. Entrei também, sentando-me no sofá. - Desculpa não ter vindo antes.
-Tudo bem, Lauren passou a tarde comigo. - ele sentou-se ao meu lado.
-Ah, sim. 
-Amanhã... você pode ir comigo? - pedi.
-Ao enterro? - ele perguntou, e assenti. - Claro, Annie.
-Obrigada, Justin. - sussurrei, abraçando-o.
-Não precisa me agradecer. Vou te ajudar sempre que precisar. - era bom ouvir aquilo, era bom ter alguém que se importasse tanto assim comigo.

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Justin foi embora tarde ontem, ficou aqui até que eu pegasse no sono. Levantei-me da cama, ainda sem coragem e sem acreditar no que estava acontecendo. Eu estava indo enterrar meu avô.

Minha mãe entrou no quarto, já vestida. Maxon não iria, por opção própria. Ficaria em casa, com nossa avó materna.

-Se arruma, filha. Justin já está aí. - ela avisou-me.
-Fala para ele que eu já estou indo. - pedi, entrando no banheiro. Lavei o rosto, e passei um pouco de maquiagem. Penteei o cabelo, e vesti o meu vestido, preto. Quando terminei, calcei meu sapato, e fui para a sala.

Justin levantou-se do sofá quando me viu, e veio me abraçar.

-Tudo bem? - ele perguntou, e assenti.
-Vamos? - perguntei, para a minha mãe, e ela concordou. Fomos até o carro, e fui no banco de trás com Justin.

Chegamos no cemitério, e tinha até bastante gente. Vi minha avó, e fui abraçá-la.

-Oh, Annie...- ela me abraçou, também. - Fernanda... - minha mãe abraçou-a.
-Vó, esse é Justin, um amigo meu. - apresentei-o, e Justin sorriu, e minha vó abraçou-o. 

O enterro começou, eu não queria passar por aquilo. Todas as vezes que estive com meu avô passaram pela minha cabeça, e fui até seu corpo, dentro do caixão. Meu avô.

- Eu te amo demais. - murmurei, deixando as lágrimas caírem. Me afastei dali, eu não queria ficar perto do corpo dele. Não queria vê-lo sem o seu sorriso, sem vida. - Mãe, eu quero ir embora.

-Annie, eu vou ficar. - minha mãe falou. - É importante para mim.
-Mãe, eu não vou aguentar. O papai e o vovô, não tem como. - murmurei, chorando.
-Ei. - Justin chegou perto de mim. - Quer que eu te leve? Podemos ir de táxi.
-Não, vão com o meu carro. Volto com a sua avó. - minha mãe solucionou o problema.
-Tem certeza, mãe? - perguntei.
-Vão, Annie. - ela entregou as chaves para Justin. - Mais tarde vou para casa. Não se preocupe comigo. - ela pediu. - E fica bem.
-Vou tentar. - beijei sua testa, e fui com Justin até o carro.

-Obrigada, Justin. - agradeci.
-Você e sua mania de me agradecer... para com isso. - ele falou, entrando no carro.
-Não, obrigada por tudo. - falei, de uma vez. - Cara, você apareceu do nada, e já é tão importante, tão presente. Obrigada, sério.
-Vem cá. - ele me abraçou. - Annie, eu quero estar presente sempre. 
-Você está. - soltei-o, botando o cinto. 
-Vai fazer o que amanhã? - ele perguntou-me.
-Hm, nada. - falei. Amanhã era dia 16. Meu aniversário. - É meu aniversário, mas não vou fazer nada. Não tô no clima pra aniversário. 
-O que? Annie! Não vai fazer nada? - ele insistiu.
-Não, Justin. - murmurei. Pra quê eu fui falar?
-Então faz o seguinte, passa lá em casa de noite. Que aí eu peço pra minha mãe fazer um bolo, uma coisinha boba. - ele pediu.
-Não, Justin, não precisa. - falei. - Sério, não precisa.
-Promete que vai passar lá em casa?
-Justin... - insisti.
-Promete? - ele sorriu, com aquele jeito lindo que só ele tem.
-Caramba, só você mesmo... - murmurei. - Prometo, chato. - falei, e vi que havíamos chegado em minha casa.
-Acho bom você aparecer. Quero você 18:00 lá. Nem um minuto antes, nem um minuto depois. Sua mãe e seu irmão também.
-Tá bem, Justin. - concordei, enquanto ele estacionava o carro. Abri a porta assim que ele parou o carro, e saí.
-Te espero amanhã, então. - ele falou. - Não vai para a aula?
-Aula? Acha mesmo? - perguntei. 
-Imaginei. - ele riu, e me abraçou. - Até amanhã então, pequena.
-Até amanhã, Justin. - beijei sua bochecha, e entrei em casa, exausta.

Ao ver meu avô naquele caixão, eu quis morrer. Quis morrer, apenas para estar ao lado dele. Mas percebi que era hora de deixá-lo ir. Era hora de deixá-lo descansar em paz. Não sei se acredito nessas coisas de vidá após a morte, mas espero que agora, ele esteja mais feliz do que estava aqui. Esteja, finalmente, em paz.

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05/11/2014

It Should Be Easy - C3 - Be Alright



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ANNELISE´S P.O.V.

Acordei, Lauren não estava mais na cama. Fui até o banheiro, e escovei meus dentes. Eu tinha minha própria escova de dentes na casa de Lauren, assim como ela tinha na minha. Vivíamos na casa uma da outra.

- Bom dia - cumprimentei a mãe de Lauren, que passou em frente ao banheiro.
- Bom dia, Annie. - ela sorriu, e seguiu seu caminho. Lauren entrou no banheiro, já fazendo escândalo.
-ANNELISE PARKER, tem noção de que horas são? São uma hora da tarde. Você ainda tem que ir pra casa, se arrumar, e ir encontrar seu peguete. Corre, mulher. - ela me apressou, mas apenas me fez rir.
- Calma, Lauren. - ri, tirando o pijama e botando a roupa da noite anterior, de Hanna. - Relaxa, vai dar tempo e sobrar.

Dei um beijo na mãe de Lauren e nela, e saí, sem nem tomar café. Fui andando até minha casa, louca por um banho. 

Quando cheguei, deparei-me com uma cena que nunca achei que fosse ver, na vida. Pelo visto, minha mãe acabara seguindo meu conselho. Tinha um homem sentado no sofá da minha casa.

- Oi. - ele cumprimentou-me. - Sou Luke.
-Oi. - falei, ainda assustada. - Sou Annelise.

- Mãe? - chamei, entrando no quarto dela. Ela estava acordada, trocando de roupa. - Mãe, o que é aquilo? - me referi ao homem.
- Ah, Annie. - ela corou. - Ah, eu... eu chamei um amigo meu.
- Amigo? - ri.
- É. - ela falou. - Não vai buscar seu irmão? - minha mãe era uma péssima mentirosa.
- Melhor eu ir indo mesmo. - cooperei, e entrei no meu quarto. Tirei o short e a camisa de Hanna, e fui tomar um banho rápido. Botei um short, e uma camiseta. O calor lá fora estava de matar. Calcei uma sapatilha, e sequei rapidamente o cabelo. Passei apenas um rímel, para disfarçar a cara de sono horrível que eu estava, e um perfume.

Saí de casa sem ser notada, e incrivelmente, já eram 14:49. Talvez meu banho não tenha sido tão rápido assim. Será que Justin estaria me esperando, naquele momento? Eu havia deixado meu carro na casa da Hanna como combinado, então estava à pé. Lauren pegaria o carro para mim, pois ela pedira-o emprestado para pegar uns familiares no aeroporto. 

Quando cheguei na casa de Justin, já eram mais de 15:00, mas no máximo 15:10. Toquei a campainha, e um menino baixinho veio abrir a porta. Devia ser Harry, parecia-se muito com Justin.

-Oi, sou Annelise. - sorri.
- Entra aí. - ele falou, correndo escada acima. Entrei, fechando a porta atrás de mim.

-Oi. - sorri, entrando na sala. e Justin me olhou. Ele abriu um sorriso, e levantou-se do sofá, vindo até mim. Ele beijou minha bochecha, e eu beijei a dele. Tinham dois meninos ali que eu não conhecia.
-Esses são Ryan e Chaz. - Justin apontou para cada um. Chaz era o moreno, mais gordinho. Ryan era um meio loiro, não soube ao certo, pois o seu cabelo estava raspado. - Ryan, Chaz - Justin olhou para eles, censurando-os. -, essa é Annelise.
-Olá. - Ryan sorriu, me olhando.
-Fala aí. - Chaz disse, querendo rir.
-Oi, meninos. - sorri. - Cadê o Max? Eu vim buscar ele, né. - ri.
-Ah, sério? - Justin riu. - Deixa o seu irmão, ele tá se divertindo com o Harry. Fica aqui, vai.
-Justin... - resisti, mas ele fez uma carinha triste, que acabou me convencendo. - Só um pouco. - ele sorriu, sentando-se no sofá, e me puxando junto. Sentei ao seu lado.

-Então, Annelise, tem quantos anos? - Chaz perguntou-me.
-Pode me chamar de Annie, Annelise é muito formal. - pedi. - E tenho 16.
-Que isso, Justin só nas novinhas. - Ryan murmurou, fazendo Chaz rir, e Justin ficar emburrado. Soltei uma risada, fazendo Justin me olhar. Já vi que ia adorar esse tal de Ryan.
- Você ainda estuda? - Chaz perguntou, novamente.
-Que isso aqui, interrogatório? - Justin perguntou, passando o braço pelos meus ombros, abraçando-me. Conti um sorriso com aquele gesto, mas aconcheguei-me em seus braços, ao seu lado.
-Fica quieto, Justin. Ele perguntou para mim. - falei, e Ryan riu alto. - E sim, eu estudo. - sorri.
-Oi, meninos. - uma mulher entrou na sala, descendo as escadas. - E menina. - ela surpreendeu-se.
-Fala aí, mãe. - Justin levantou-se, para beijar a bochecha da mulher que, pelo visto, era sua mãe.
-Tem gente nova... não vai me apresentar não, mal educado? - ela deu um tapa fraco no ombro de Justin, rindo. Ela era linda. Não era possível que aquela mulher tinha dois filhos, sendo um de dezoito anos.
-Mãe, essa é Annelise, minha... - ele pensou, o que fez a mãe dele rir. - amiga. - ele concluiu. - E Annie, essa é Pattie, minha mamãe maravilha. - ele apertou Pattie, em um abraço, fazendo-a tossir.
-Muito prazer, Annelise. - ela deu uma tossida. - Você ainda me mata sufocada, seu idiota. - ri com a cena dos dois.
-Igualmente, Pattie. - sorri, e ela saiu da sala.
-Aí, cara, a gente tem que ir indo. Sabe como é, vida de universitário. - Chaz riu, puxando Ryan. - Depois a gente se fala.
-Tá bem. - Justin concordou, e os dois foram embora, deixando-me sozinha com Justin.

-Amiga, é? - ri da situação. Ele sentou-se ao meu lado novamente, e segurou minha mão.
-Quem queria ir devagar era você. - ele sorriu.
-Não estou reclamando, mas acho que amigos nós não somos. - apertei sua mão, que segurava a minha.
-Acima de tudo, amigos. - ele sorriu, beijando minha bochecha.
-Concordo. Refazendo a frase, acho que só amigos nós não somos. - ri, olhando-o.
-É, aí você tem razão. Somos um pouquinho mais do que amigos. - ele se aproximou da minha boca, e botei minha mão livre em seu rosto.
-Nesse ponto, concordamos plenamente. - sorri, beijando-o.
-MAXON VEM VER ISSO, ELES ESTÃO SE BEIJANDO! - ouvi o grito de Harry, tão alto que o bairro inteiro deve ter escutado.
-Cala a boca, Harry. - Justin riu, voltando a me beijar.
-Acho que tenho que ir, Justin. - ri fraco, afastando-me.
-Já? - ele olhou-me, com a carinha triste que me comovia.
-Não vem com essa carinha triste, por favor. - ri.
-Estou só expressando meus sentimentos nesse momento. - ele disse. - Mas tá bem, a gente se fala depois.
-Tudo bem. - murmurei, levantando-me. - Maxon, vamos? - chamei-o.
- Tô indo. - ele gritou em resposta, e desceu correndo as escadas.
-Tchau, Justin. - falei, beijando sua bochecha.
-Me dá tchau direito, garota. - ele riu, beijando minha boca.
-Idiota, olha meu irmão aqui. - ri.
-Que foi, acha que ele nunca viu um beijo na boca? - Justin riu.
- Babaca. - ri, e saí da casa, com Maxon. Andamos um pouco, até que ele quebrou o silêncio:
-Vai me contar o que está acontecendo? - ele perguntou, olhando-me.
-Olha, Max, na verdade, nem eu sei. - respondi.
- O irmão do Harry é seu namorado?
-Não! - exclamei, de imediato. - Não é isso.
- Então é o que? - ele parecia confuso.
-Sei lá, Maxon. Ele é mais que um amigo, mas menos que um namorado. É complicado. - parei para pensar.

O que eu estava fazendo? Eu mal conhecia Justin. Ele era praticamente um estranho. Eu não sabia absolutamente nada sobre ele. Conhecia-o há um dia. Um dia, e já estávamos assim.
Chegamos em casa, e o homem não estava mais lá. Subi as escadas correndo, e entrei no meu quarto, fechando a porta e deitando-me na cama.
Os pensamentos sobre Justin me intrigavam. Eu precisava conversar com ele. Esclarecer tudo. Mas eu havia acabado de encontrá-lo... Ah, dane-se. Não ia ficar com minhoca na cabeça sendo que poderia resolver.

´Precisamos nos encontrar, ainda hoje.` mandei uma mensagem.
´Aconteceu alguma coisa?` Justin logo respondeu.
´Nada demais, não se preocupe. Só quero conversar pessoalmente.` respondi, com um suspiro.
´Posso passar aí? E de repente vamos para algum lugar, sei lá." ele sugeriu.
´Tudo bem. Não demore.` pedi.
´Me dê 15 minutos` ele pediu, e levantei-me da cama. Fui até o banheiro, e lavei o rosto e as mãos. Desci até a cozinha, e fiz um sanduíche para mim. Estava morrendo de fome.

A campainha tocou, e minha mãe foi atender.

-Annelise, é para você. - ela veio até mim, com um sorrisinho no rosto.
-Já vou. - terminei de beber o copo de água, e fui até a porta, vendo Justin.
-Oi. - ele sorriu para mim.
-Entra aí. - falei.
-Não íamos sair? - ele perguntou.
-Sei lá, tanto faz.
-Anda, vem. - Justin segurou minha mão, puxando-me.
- Então deixa eu pegar meu celular. - pedi, e fui até meu quarto, pegar meu celular. Desci rapidamente, e ele estava a minha espera, conversando com minha mãe. - Vamos?
-Ah, claro. - Justin sorriu.
-Tchau, Justin. Cuida bem da minha filha. - minha mãe falou, abraçando-me.
-Pode deixar. - Justin olhou-me, sorrindo. Aquele sorriso me fazia esquecer de tudo.

Justin me deu a mão, e fomos andando até uma sorveteria que havia ali perto. O garoto cismou que queria sorvete, fazer o quê, né.

- Vai querer de que? - ele perguntou.
- Eu não quero. - falei. - Acabei de comer.
- Tá bem então, espera aí que vou pedir o meu.

Ele foi até o balcão, e fiquei observando-o. Ele usava uma calça jeans caída, e uma camisa vermelha. Justin era lindo. Qualquer uma que o visse na rua diria isso. Mas ele não era apenas lindo. Ele era doce, carinhoso. Ele tinha o pacote completo, era perfeito. Mas eu estava só esperando para o defeito dele cair, e explodir como uma bomba. Se ele tinha tanta perfeição, o defeito dele deveria ser de mesmo porte.

- Então, queria conversar mesmo, ou não aguentava de saudade de mim? - ele sorriu, sentando-se na minha frente.
- Vai nessa. - sorri. - Eu queria conversar mesmo, bobo. Maxon me fez pensar, e eu não conheço você, Justin. Eu conheci você ontem. - falei, rindo, pensando na minha idiotice. E se Justin fosse um maníaco drogado estuprador?- Não sei nada sobre você.
- Pergunte o que quiser saber. - ele disse, com sorvete na boca.
- Diz você, o que acha que eu deveria saber. - pedi.
-Hm, vamos lá. - ele pensou. - Justin Drew Bieber, 18 anos. Tenho um irmão mais novo, de 10 anos, Harry Julian Bieber.
-Idiota, isso tudo eu já sei. - falei.
- Não sei o que contar.
- Sei lá, fala coisas bobas. Sua comida preferida, o que você gosta de fazer, seu maior sonho. - sorri.
- Eu amo pizza. Mais que tudo nesse mundo. - ele riu. - Também gosto de andar de skate. E sei lá, acho que meu maior sonho é ser feliz. Ser bem-sucedido, com uma família. - ele sorriu. - E eu tenho um sonho secreto.
-Fala, que sonho? - perguntei, curiosa.
-Até falaria, só que ele tem o nome de "sonho secreto" por um motivo. - ele riu. - Por ser um segredo.
- Ah, fala, Justin! - pedi, sorrindo.
- Então, quero que você também fale.
- Eu gosto, sei lá, de macarrão. - ri. - Gosto de desenhar. - contei. - E meu maior sonho é viajar pelo mundo inteiro. Agora fala seu sonho secreto. - pedi.
- Eu gosto de cantar. Meu sonho secreto é ser reconhecido por isso. - ele sorriu, olhando-me.
-Ah, agora você vai ter que cantar para mim. - pedi.
-Não, Annie. - ele riu. - Outro dia eu canto.
-Por favor, vai. - pedi mais uma vez.
- Não, Annie. Sério, outro dia. - ele sorriu.
- Você ainda estuda? - perguntei.
- Já terminei o ensino médio. - ele falou. - E tirei um ano para descobrir o que quero da vida.
-Que vida boa. - ri. - Eu ainda estou no segundo ano.
-Bebê. - ele riu, terminando o sorvete. - Annelise... sobrenome? - ele sorriu para mim.
-Não sabe meu sobrenome? - perguntei, olhando-o, e ele negou. - Parker.
-Só Parker? - ele olhou-me.
-Só Parker. - confirmei.
-Então, Annelise Só Parker, vamos dar uma volta? - ele riu.
- Vamos, Justin Drew Bieber.  - ri. Levantei-me, e fomos andando pelas ruas, sem rumo.

Essa conversa com Justin foi a melhor coisa. Me fez sentir mais próxima dele, menos perdida.

Já eram 16hs, e estávamos indo em direção à praia. O bairro em que morávamos era próximo dali, então não nos preocupamos.

- Parece um sonho. - Justin comentou.
- O que? - perguntei.
-Estar aqui, sabe? É fora da minha realidade. Antes eu vivia enterrado na neve, e aqui estou eu, nesse sol de matar, com uma garota linda, em frente a praia. - ele sorriu, olhando para frente. Sorri, segurando sua mão.

Andamos até a praia, e Justin sentou-se na areia, botando-me sentada em frente à ele. Ele me abraçou por trás, encaixando seu rosto em meu ombro.

-Obrigado. - ele murmurou.
- Não tem porque agradecer. - respondi.
- Tem sim. Obrigado por ter aparecido. - Justin disse. - Obrigado por ser assim.
- Você é especial. - respondi.
- Não mais do que você, Annie. - ele sorriu, beijando minha bochecha. Sorri, sem reação. O que eu fiz para merecer um garoto tão maravilhoso? Ele parecia não ter defeitos. Parecia ser perfeito.


Justin me levou para casa um tempo depois, e minha mãe estava desesperada, com uma carta na mão.

- Mãe, o que foi? - olhei-a.
- Annelise - ela olhou-me, com lágrimas no rosto. - o seu avô.
- Mãe? - perguntei. - O que aconteceu com ele? - fui até ela, pegando a carta de suas mãos. Justin ainda estava ali, olhando-me. Peguei a carta, e reconheci a caligrafia delicada de minha avó paterna.

" Fernanda, Annelise, Maxon.
Queria poder ligar para vocês, mas estou sem voz e sem palavras. Queria poder ir até aí, mas não tenho forças. Queria sentir o abraço dos meus netos e de minha eterna nora, mas não posso. Não posso, porque tenho uma terrível notícia a contar.
O meu marido, avô de Annie e Max, seu sogro, Fernanda, faleceu. Sabíamos todos que ele não estava bem de saúde. E em dois dias seriam oito anos completos da morte de seu único filho. Ele estava deprimido, com problemas no coração, e não resistiu. 
Peço que não venham até aqui, preciso ficar sozinha por um tempo, até o enterro.
O enterro será em dois dias. Ele será enterrado ao lado de seu filho, seu orgulho. Amo vocês, e espero os três lá. Beijos, da vovó e da eterna sogra. "

Lágrimas rolavam descontroladamente pelo meu rosto, e soluços começavam a surgir. Meu avô. Meu herói, meu segundo pai.
Foram tantos momentos com ele, todas as palhaçadas que ele fazia para me ver sorrir. Tantas risadas, tantos consolos e conselhos que ele me deu. E agora, tudo se foi. Nunca mais vou ouvir aquela voz, dizendo-me "Não se preocupe, minha filha.". Ele sempre dizia que quebraria a cara de qualquer um que fizesse algo comigo. Quem diria isso para mim, agora? Quem seria meu herói?

Minha mãe abraçou-me, soluçando. Ela amava muito meu avô, mesmo não sendo pai dela. Era o que restara do marido dela. Do amor da vida dela. Meu avô costumava brincar, dizendo que era o pai que Deus dera para ela. Mas, realmente, ele era. 

- Está tudo bem, mãe. -murmurei, tentando convencer a mim mesma. Justin olhava aquela cena, e, quando soltei minha mãe, ele veio até mim.

-Não fica assim. - ele me abraçou, me confortando. - Ele estava sofrendo, Annie. Foi melhor assim.
-Eu sei, eu sei. - falei, entre soluços. Não queria nunca mais soltar Justin. O abraço dele era acolhedor, ficaria ali para sempre, se fosse para me sentir assim. - O Max já sabe? - perguntei, para a minha mãe, que assentiu.
- Ele não quer sair do quarto por nada. - ela limpou o rosto. - Vou lá para cima. - ela disse, subindo as escadas.

Meu avô, cara. Minha figura paterna, meu avô. Estava morto. Eu nunca mais ouviria a risada dele, ele nunca mais me abraçaria. Eu nunca mais o faria saber o quanto o amo. 

Justin sentou-me no sofá, sentando-se do meu lado, abraçando-me.

-Ei, eu estou aqui. Vou cuidar de você. - ele disse, acariciando meu rosto.
- Eu só quero meu avô, Justin. Quero o abraço dele, quero que ele cuide de mim. - solucei. Não era possível! Por que isso só acontecia comigo? Eu havia perdido meu pai, e agora meu avô. Isso não podia estar acontecendo, não podia.
-Annie, ele não está aqui fisicamente, mais vai sempre estar com você.
-Mas eu não quero isso! - falei, um pouco alto demais, levantando. - Eu quero ele aqui, rindo comigo.
-Ele está bem, agora. - ele segurou minha mão.
-Eu amo muito ele. - me acalmei, sentando-me novamente. - Eu amo ele demais, Justin. - solucei.
-Ele também te ama, pode ter certeza. - ele acalmou-me, abraçando-me. - Você quer que eu fique aqui? Se quiser, posso passar a noite com você.
-Não precisa, quero dormir com o meu irmão hoje. - falei.
-Então tá, qualquer coisa que precisar, me chama na hora. - ele pediu.
-Tudo bem. - ele beijou minha bochecha, e se levantou.
-Eu vou indo então. - assenti, e levantei. Ele me abraçou, forte.
- Obrigada, Justin. Por ser assim. - foi minha vez de agradecer.
- Você me faz ser assim. - ele sorriu fraco. - Fica bem. - ele pediu, indo embora.

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02/11/2014

It Should Be Easy - C2 - XO

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‐ Justin, eu tô cansada. ‐ reclamei, rindo. Esse menino não me deixava quieta, meu Deus.
‐ Ah, Annelise, já? ‐ ele reclamou.
‐ Já, Justin. ‐ ri. ‐ Dá para parar de me chamar de Annelise? Que coisa esquisita. ‐ olhei‐o.
‐ É o seu nome. ‐ ele sorriu. ‐ Quer que chame de que?
‐ Sei lá, Annie, Anne, do que quiser. Annelise é muito formal. ‐ respondi.
‐ Tá bem, Annie. Sério que já tá cansada? 
‐ Super sério. Você tá me fazendo dançar por uma hora, cara. ‐ ri. ‐ Não cansa não?
‐ Fala a verdade, você tá gostando de dançar comigo. ‐ ele riu, andando comigo até uma mesa, onde sentei.
‐ Convencido. Me conheceu hoje, e já está assim?
‐ Sou bom em fazer amizades. ‐ ele respondeu, sentando‐se comigo.
‐ Percebi, tanto que só tá falando comigo. ‐ ri.
‐ Porque eu só quero falar com você. ‐ ele se justificou.
‐ Você parece uma criança falando. ‐ ri dele, que fez uma cara de ofendido.
‐ Eu sou mais velho que você, cadê o respeito? ‐ ele arqueou as sobrancelhas, olhando‐me.

Justin era um garoto bem bonito. Olhos cor de mel, cabelos castanhos. Alto, bem mais alto que eu. Ele era aquele tipo de garoto que todas são apaixonadas, ou pelo menos tem uma quedinha por ele. Afinal, é impossível não ter.


‐ Devo ter deixado em casa. ‐ respondi, sorrindo.

‐ Ha ha ha, muito engraçada você, Annelise. ‐ ele riu forçado. ‐ Se você não vem, eu vou voltar para lá. 
‐ Divirta‐se ‐ falei, ironicamente. Fui atrás de Lauren, que também devia estar dançando. Aquela lá não tinha jeito, não parava quieta.

Como eu pensava, Lauren estava lá, dançando. Só que dentro da piscina. 


‐ Sua louca ‐ gritei ‐, o que você está fazendo aí? ‐ abaixei‐me, para falar com ela.

‐ Me divertindo. ‐ Lauren riu. ‐ Deixa de ser chata, entra logo. ‐ Lauren puxou minhas mãos, me derrubando na piscina.
‐ LAUREN ‐ ri ‐ qual é o seu problema? Eu vou te matar. ‐ bati no ombro dela. Babaca.
‐ Ai, Annelise, você parece uma velha, só sabe reclamar. ‐ ela bufou.
‐ Nossa, desculpa. ‐ ri. Era verdade, eu precisava me soltar mais. ‐ Mas eu não vou ficar na piscina, Lauren.
‐ Te odeio. ‐ ela resmungou, quando eu saí. Entrei dentro da casa, encharcada. Andei um pouco, até a mesa onde estava com Justin. Procurei por ele, dali mesmo.

Não, não podia ser Justin. Olhei melhor, e então vi: era ele mesmo. Justin estava beijando uma garota, loira. Ele segurava na cintura dela, e ela o prensava na parede. Eca. Então, o babaca resolveu parar de beijar a garota e ir até a mesa, bem aonde eu estava.


‐ Vai ficar a festa toda sentada aí? ‐ ele me perguntou.

‐ O que você quer? ‐ perguntei. ‐ Não tava bom lá, e veio me encher?
‐ Eita, isso é ciúme? ‐ ele riu.
‐ Para de ser idiota, nem te conheço direito para ter ciúme de você. ‐ falei. Mas a verdade, é que vê‐lo beijando a loira havia me incomodado. Eu tinha levado‐o para lá, eu tinha chamado ele. Senão, ele estaria mofando em casa. Acho que me fazer companhia era o mínimo que ele poderia fazer.
‐ Tem certeza, Annie? ‐ ele sorriu, vendo minha insegurança. ‐ Por que está toda molhada? ‐ ele mudou de assunto. 
‐ Porque enquanto você se agarrava com a garota, eu fui jogada na piscina. ‐ insisti no assunto.
‐ Você vai acabar ficando doente. ‐ ele disse, olhando‐me. ‐ Não sai daqui. ‐ ele pediu, e saiu andando sei lá para onde, me deixando confusa.

Justin voltou com uma toalha nas mãos, e botou-a nas minhas costas.

- Não precisava disso. - falei.
- Precisava, sim. - ele falou. - Seu irmão me fez prometer que eu cuidaria de você. E, se tem uma coisa que eu realmente não faço, é quebrar promessas. - sorri, pelo meu irmão ter feito aquilo. - Agora só precisamos arrumar uma roupa seca para você.
- É sério, Justin, não precisa. - insisti.
- Precisando ou não, você tá toda molhada. Não vai ficar assim. - ele argumentou. - Quem é a tal da Hanna? - Justin perguntou-me, e apontei para a loira que estava dançando no meio da pista. - Eu já volto.
-Justin... - tentei impedí-lo, mas ele já estava indo lá.

Ele conversou com Hanna por um tempo, e então voltou até mim.

- Ela disse que o quarto dela é o primeiro à esquerda quando sobe a escada, e que você pode escolher uma roupa lá.
- Não acredito que foi pedir uma roupa para Hanna. - ri. Justin era mesmo inacreditável.
- Estou apenas cumprindo minha promessa. - ele sorriu, ajeitando a toalha em mim. - Agora vem. Não vou mais te deixar sozinha, e nem deveria ter deixado. - ele segurou na minha mão, me puxando para as escadas. Justin estava estranho, sem motivos. Me dando 100% de atenção. Bem, talvez ele fosse alguém que não deixa de cumprir suas promessas.

- Vou te esperar aqui fora. - ele disse, quando entrei no quarto. Pelo menos privacidade ele me daria.
- Não vou demorar. - respondi.
- Leve o tempo que precisar. - ele sorriu fraco, quando fechei a porta.

Fui até o armário de Hanna, pegando um short jeans e uma camisa mais "de festa". Eu nunca havia entrado aqui, era lindo, espaçoso. 
Justin estava sendo um amor. Cuidando de mim como se eu fosse sua irmã, protegendo-me. Eu estava gostando daquilo.
Troquei de roupa, e logo saí do quarto, dando de cara com Justin, que ainda me esperava.

- É, você esperou mesmo. - sorri, e ele também.
- Claro que esperei. - ele falou, obviamente. - Vai querer ficar ou ir embora?
- Bom, eu combinei com a Lauren de dormir na casa dela. Só vou quando ela for. - falei.
- Então, acho que vamos ficar. - ele sorriu, segurando minha mão, e conduzindo-me escada abaixo.
- Vai mesmo dar uma de minha babá? - ri.
- Não tenho muita cara de babá né? - ele riu. - Cara, desculpa pela cena com a garota. - ele finalmente disse, quando eu já tinha até esquecido.
- Desculpa por que? Você tem liberdade para beijar quem você quiser, Justin. Isso não é da minha conta. - falei.
- Eu sei, mas eu me sinto culpado. Porque se não fosse por você, eu não estaria aqui. E aí, eu te deixo sozinha, para ficar com outra garota. Isso é egoísmo. - ele falou.
- Ah, então está me fazendo companhia por culpa ? - perguntei, brincando.
- Para de ser idiota. - ele resmungou.
- Idiota é você. - respondi, ofendida.
- Vai ficar aí com cara de bunda, ou vamos fazer alguma coisa? - ele perguntou, me provocando.
- Tipo? -perguntei.
- Tipo dançar. - ele riu, sabendo que eu não aceitaria.
- Caraca, não tem mais nada pra fazer não? - perguntei, bufando.
- Posso te jogar na piscina de novo... - ele sorriu.
- Não, prefiro dançar. - respondi, e ele sorriu vitorioso. Fomos para a pista de dança, e estava tocando "Timber", e Justin me puxou lá para o meio. A pista estava cheia, e estávamos colados um nos outros, aquilo me deixava aflita. Mas como era ou ficar ali, ou piscina, preferi aquilo. 

Justin me virou de frente para ele, e dançávamos conforme o ritmo da música. 'Timber' acabou, e começou a tocar "XO", da Beyoncé. Achei estranho estar tocando uma música daquelas, mas tudo bem. Dançamos, eu simplesmente amava aquela música. Quando a música acabou, começou a tocar "It Should Be Easy", do Will.I.Am com a Britney. Era mais animada, eu já estava bem próxima de Justin. Ele sorriu ao ver que eu estava me empolgando, e segurou na minha cintura com uma mão. Com a outra, segurou em meu rosto. Quando percebi, já era tarde demais. Meu rosto já estava a dois centímetros do de Justin, nossos lábios quase se tocando. Ele me beijou, e foi maravilhoso. Não parecia que estávamos no meio do empurra-empurra de toda aquela gente, parecia que éramos só nós dois. Afastei-me do beijo, olhando para ele. Justin sorriu, me fazendo sorrir, por um momento. Por que isso havia acontecido? Eu mal o conhecia. Tudo bem, ele cuidara de mim, e me ajudara muito. Mas isso valia um beijo? Valia o perigo de eu acabar de apaixonando?

- Por que fez isso? - pensei alto demais.
- Não gostou? - ele perguntou, confuso.
- Não é isso... - me arrependi de ter feito a pergunta. - A gente mal se conhece.
- E isso importa? - ele botou meu cabelo para trás de minha orelha. - Annie, você é linda. E eu não sei o que é, mas você é diferente.
- Ninguém é igual, Justin. - ri fraco. 
- Me dá uma chance, Anne. Não desconfia de mim logo no comecinho... Não fiz nada pra você desconfiar de mim. - ele pediu.
- Também não fez nada para eu confiar. - falei, sem pensar.
- Eu cuidei de você, mantive minha palavra para o seu irmão. Se não quiser me dar a chance, eu entendo. - ele falou, em meio a todo aquele barulho.
- Eu nunca falei que não quero. Só não quero ir rápido demais. - respondi.
- A vida é muito curta, Annie. - ele disse, com um sorriso fraco no rosto. - Quando se quer algo, deve-se correr atrás. Não vou desistir de você, Anne.
- Eu não disse um ´não` para você, Justin. - sorri. - Foi mais um ´talvez`. Mas isso não quer dizer que precisa desistir.
- Ainda vou conseguir um ´sim` de você, Annelise. - ele sorriu, segurando novamente em minha cintura.
- Melhor se apressar, a vida é muito curta. - imitei-o, rindo.
- Idiota. - ele riu, me soltando, na hora que Lauren chegou.
- Eita, desculpa interromper. - ela riu. - Mas Annie, se quiser dormir lá em casa, a hora é agora.
- Tá, eu vou, sim. - respondi, e dei um beijo na bochecha de Justin. - Amanhã vou pegar o Maxon. Avisa para ele que às 15:00 passo lá.
- Isso foi um aviso para o Maxon ou para mim? - ele sorriu.
- Para os dois. - ri.
- Estarei te esperando. - ele sorriu, e virei-me, indo embora.

- EU SABIA - Lauren gritou assim que me viu chegando, e começamos a andar até a casa dela. - Eu sabia que estava rolando alguma coisa. - ela riu.
- Quem disse que rolou alguma coisa? - ri.
- Vai me enrolar, é? Cara ele tava segurando na sua cintura, vocês estavam colados. Vai negar que rolou algo?
- Tá, rolou. - murmurei, fazendo ela comemorar.
- Vou começar a trabalhar como vidente ou cupido. Ele beija bem? - ela disparou a pergunta.
- LAUREN - repreendi-a, rindo. 
- Responde minha pergunta, Annelise Parker. - ela mandou.
- Beija. - ri, lembrando-me do beijo. Não durara muito, mas o tempo que durou, foi maravilhoso.
- Que roupa é essa? - ela, então, reparou.
- É da Hanna. Tive que trocar, depois que me jogou na piscina. - reclamei.
- Ah, tá. - ela olhou-me do pé à cabeça.

Entramos na casa de Lauren, sem fazer muito barulho. Fomos em silêncio até o quarto dela, e botei minha bolsa em cima da mesa. 

-Cara, seu peguete é lindo. - Lauren se jogou na cama. 
- Cala a boca. - murmurei.
- Não negou que ele é seu peguete. - ela riu.
- Eu fiquei com ele, acho que isso faz dele meu peguete. - ri.
- Só não vai se apaixonar, hein. Porque se você se apaixonar, aí já era. - ela me olhou.
- Ninguém falou em paixão, Lauren, para de inventar. - resmunguei, sentando na cama.
-Eu tô falando sério. - ela falou.
- Relaxa, Lauren. Sei controlar meus sentimentos.
- Se esse babaca fizer alguma coisa com você, eu quebro a cara dele. - ela disse. Lauren era extremamente ciumenta.
- Ele não vai fazer, até porque a gente não tem quase nada. - falei. - Agora, será que a gente pode dormir?
- Pode, chata. - ela foi para a outra cama, pois era uma bicama. - Bons sonhos com seu peguete. - ela riu, virando-se para o outro lado.
- Vai se ferrar. - ri, deitando-me.

Era impossível dormir. Sentia o cheiro de Justin em mim, lembrava-me da voz dele, do seu toque. Por mais que eu quisesse, eu não conseguia parar de pensar nele. Era incontrolável. Lembro que começou a tocar ´It Should Be Easy`, e ele segurou minha cintura. E quando vi, já estávamos nos beijando. O jeito doce e suave que ele me beijou, o jeito fofo que cuidou de mim. A voz ele dizendo ´Não vou desistir de você, Anne` ecoava na minha cabeça, e eu imaginava o que ele estaria fazendo agora. Pensando em mim? Ou na loira? Ah, tinha a loira. Eu nem havia me lembrado dessa garota. E pra quantas garotas Justin já não havia dito essas palavras? Pra quantas garotas ele não fizera essa promessa?  

Peguei meu celular, para me distrair. Chega daqueles pensamentos, que só me faziam mal. Havia uma mensagem.

´Saí da festa assim que você foi embora. Aquilo é insuportável sem você para cuidar. Boa noite, até amanhã, Annie. Vou estar te esperando. -Justin.`

Ele devia ter conseguido meu número com Maxon. Li, e reli a mensagem várias vezes. Cara de pau.

´Ainda está aí?` mandei.
´ Estou. Tudo bem aí? ` ele logo respondeu.
´ Não exatamente...  ` mandei, esperando uma resposta.
´ Já sentindo minha falta? hahahah ` ele respondeu, e revirei os olhos.
´ Estava me perguntando, para quantas garotas você já não deve ter prometido nunca desistir delas.` mandei de uma vez, para não desistir.
´ Eu estou com alguma garota no momento? Namorando, sério? ` ele respondeu, com uma pergunta.
´ Espero que não. ` 
´ Então é porque supostamente desisti. E isso seria quebrar uma promessa. E você sabe que isso é algo que não existe para mim. Você foi a única que ouviu isso de mim, Anne. Relaxa. ` ele respondeu.
´ Então tá. Acredito em você. ` respondi, vencida.
´ Não aguento mais esperar por amanhã. ` imaginei sua voz falando isso, rindo. Era o máximo que podia fazer.
´ Prometo não me atrasar. ` sorri, e mandei.
´ Vou dormir pra chegar logo. Boa noite, Annie. Beijos. ` sorri ao ver aquela mensagem.
´ Boa noite, Jus. Beijos. ` mandei, inventando um novo apelido, e virei-me, tentando dormir.

JUSTIN´S P.O.V.

Saí da festa, pois não havia mais graça. Annie era a graça dali, eu não conseguia mais olhar para outra mulher. Estava com nojo de mim mesmo por ter beijado aquela loira, que nem o nome eu sabia. 

- Qual é, Bieber? - ouvi a voz de Ryan, ao atender o celular.
- Fala, irmão. - respondi.
- Que voz desanimada é essa? - ele perguntou. - Você está em LA, parceiro. Anima. Tô passando aí pra gente ir numa boate. Se arruma.
- Hoje não dá não, cara. Tô morto. - respondi.
- Ih, tá morto por que? A noite nem começou.
- Ah, se já. - murmurei.
- Justin? Onde você tá? - ele perguntou, rindo.
- Tô saindo de uma festa de colegial. - ri. - Cara, foi maravilhoso.
- Eita, pegou quantas? - ele soltou uma risada, e pude ouvir a risada de Chaz no fundo. Vagabundo, deveria estar estudando.
- Não importa, irmão. O que importa é que eu conheci a mulher da minha vida. - finalmente, disse aquelas palavras em voz alta.
- COMO ASSIM? - Chaz gritou, e percebi que estava no viva-voz.
-É, cara. Pode anotar. Hoje eu conheci o amor da minha vida. Ela é maravilhosa.
- Justin Drew Bieber, apaixonado? Realmente estou vivo para ver isso? - Ryan riu.
- Ha ha ha, palhaço. Ela vai lá em casa amanhã, às 15:00, pra pegar o irmão, que é amiguinho do Harry. Passem lá, pra ver do que eu tô falando. 
- Pra você se prender nela, ela deve ser muito linda. - Ryan comentou.
-Ih, tira o olho, mané. Mulher minha ninguém toca. - falei, rindo, parando na porta de casa.
- To ligado. - Chaz riu. - Duas e meia amanhã tô aí. 
- Beleza. Deixa eu ir, que cheguei em casa e não quero acordar a dona Pattie e nem os pirralhos.
- Vai lá, apaixonado. - Ryan falou, e desliguei.

Entrei em silêncio, e fui até meu quarto. No caminho, passei pelo quarto de Harry, e ele estava jogando video-game com Maxon.

- São três horas da manhã. - falei, parando no quarto dele.
- Sei ver as horas. - Harry respondeu. Idiota.
- Maxon, sua irmã vem te buscar amanhã três horas. - falei. - E tem como você me passar o número dela?
- Pega no meu celular, tá escrito ´Annelise`. - ele respondeu, apontando o celular, que estava jogado na cama. 

Fui até lá, e copiei o número de Anne para o meu. Fui para o meu quarto, e mandei uma mensagem. Agora, era só esperar a resposta.
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