18/11/2014

It Should Be Easy - C4 - Human

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Acordei na cama de Maxon, com ele segurando minha mão. Levantei-me com calma para não acordá-lo, e fui até o banheiro. Meu rosto estava inchado de tanto chorar.

Peguei meu celular, e haviam algumas mensagens de Justin, e uma de Lauren.

"Annie, estou ainda com o seu carro. Passo aí mais tarde para te devolver" ela ainda não sabia. Ela havia mandado a mensagem às 8:00 da manhã, e já eram 14:00.

"Annie, você está bem? Precisa de algo?" essa era de Justin.
"Desculpe ser chato, mas só me preocupo com você... quero te ver bem, sorrindo. Se tiver algo que eu possa fazer, me avise."
"Vou precisar resolver algumas coisas hoje. Mas de noite vou passar aí para te ver, ok?"

"Tudo bem, Jus. Obrigada por tudo. Você é o melhor." respondi, e botei o celular em cima da pia. 

Lavei o rosto, esperando que aquilo diminuísse o inchaço. Só queria passar a tarde no sofá, olhando para o teto, sem falar com ninguém. 

E foi exatamente isso que eu fiz. Peguei um cobertor e deitei-me no sofá, ligando a televisão. Botei em um canal qualquer, mas nem prestando atenção eu estava. Amanhã seria o enterro do meu avô, e saber que aquela seria a última vez que eu o veria, me fazia muito mal.


A campainha tocou, já imaginei que fosse Lauren. Levantei-me, e destranquei a porta.

-Anne? - como eu imaginava, Lauren estava ali. - Cara, o que houve? - ela me abraçou, e voltei a chorar. Era incontrolável, as lágrimas rolavam pelo meu rosto e soluços saíam de minha boca. - Fica calma, Annie.

Ela me levou até o sofá, fechando a porta. Sentamos, e ela voltou a e abraçar.

-O meu avô, Lauren. - falei, entre soluços. - Ele... ele morreu.
-Ah... - ela me abraçou mais forte. - Annie, fica calma. Ele tá bem, agora. - soltei-a, limpando meu rosto. Percebi que Lauren também queria chorar.

Foram tantas as tardes que passei com ela na casa de meus avós, comendo bolo feito pela minha avó, e tomando sorvete que meu avô comprava só para a gente... Ele também era especial para Lauren. Era como um avô para ela, também.

JUSTIN'S P.O.V.

Dirigi até a casa de Ryan, assim que acordei. Avisei para Annie que só poderia passar lá à noite, e fui cumprir minhas obrigações. 

Bati na porta, e Ryan veio abrir.

-Fala, apaixonado. - Ryan riu, me dando passagem.
-Palhaço. - ri. - Cara, cadê o Chaz? Tô tentando falar com esse babaca desde ontem.
-Somos dois. Deve estar com mulher. - Ryan soltou uma risada. - Falando em mulher... cara, que mulher é essa que você pegou?
-Já falei pra tirar o olho, Ryan. - falei, agora sério.
-Calma, Bieber. - ele riu. - Não pego mulher de amigo.
-Melhor mesmo. - resmunguei.
-Qual foi, não confia na tua mulher? Acha que ela não vai resistir aos encantos de Ryan Butler? - ele riu.
-Cala a boca, Ryan. - falei. - Cara, preciso de vocês pra uns negócios aí. Chama o Chris e o Michael também.
-Ih, lá vem. - Ryan resmungou. - Explica isso direito.
-Não é nada demais, idiota. Não vai me zoar, mas tem a ver com a Annie.
-Só pensa nela agora, é? - ele riu.
-Cara, ela tá mal. Perdeu o avô.
-Putz, mas cara, o que eu posso fazer? Não sou Deus pra ressuscitar o avô da menina não. - Ryan olhou-me.
-Tava pensando em botar ela pra cima. 
-Como?
-Maxon deixou escapar que o aniversário de 17 dela é essa semana. Depois de amanhã. - contei, esperando que Ryan entendesse.
-Ah, irmão. Prepare-se para conquistar de vez sua garota. - Ryan riu, entendendo-me. Esse aí nunca me decepcionava. 

ANNELISE'S P.O.V.

O dia passou, e eu nem vi. Passei a tarde deitada no colo de Lauren, vendo televisão. Não quis comer nada, pois estava sem fome. Minha mãe passou o dia no quarto, com Maxon. Quando deu mais ou menos 18:00, Lauren teve que ir, e fiquei sozinha.

"Annie, estou chegando aí." vi a mensagem de Justin, e ajeitei-me no sofá, sentando. Levantei, para pegar um pouco de água. O choro havia cessado, finalmente. Não sei como eu não havia desidratado de tanto chorar. Parecia que a água inteira do meu corpo havia saído por meio de lágrimas.

A campainha tocou, e fui atender. Justin estava ali, com um sorriso no rosto.

-Oi, Annie. Está melhor? - ele abraçou-me, e assenti, afirmando.
-Obrigada por vir. - agradeci.
-De nada, pequena.  - abri mais a porta, dando passagem para ele. Entrei também, sentando-me no sofá. - Desculpa não ter vindo antes.
-Tudo bem, Lauren passou a tarde comigo. - ele sentou-se ao meu lado.
-Ah, sim. 
-Amanhã... você pode ir comigo? - pedi.
-Ao enterro? - ele perguntou, e assenti. - Claro, Annie.
-Obrigada, Justin. - sussurrei, abraçando-o.
-Não precisa me agradecer. Vou te ajudar sempre que precisar. - era bom ouvir aquilo, era bom ter alguém que se importasse tanto assim comigo.

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Justin foi embora tarde ontem, ficou aqui até que eu pegasse no sono. Levantei-me da cama, ainda sem coragem e sem acreditar no que estava acontecendo. Eu estava indo enterrar meu avô.

Minha mãe entrou no quarto, já vestida. Maxon não iria, por opção própria. Ficaria em casa, com nossa avó materna.

-Se arruma, filha. Justin já está aí. - ela avisou-me.
-Fala para ele que eu já estou indo. - pedi, entrando no banheiro. Lavei o rosto, e passei um pouco de maquiagem. Penteei o cabelo, e vesti o meu vestido, preto. Quando terminei, calcei meu sapato, e fui para a sala.

Justin levantou-se do sofá quando me viu, e veio me abraçar.

-Tudo bem? - ele perguntou, e assenti.
-Vamos? - perguntei, para a minha mãe, e ela concordou. Fomos até o carro, e fui no banco de trás com Justin.

Chegamos no cemitério, e tinha até bastante gente. Vi minha avó, e fui abraçá-la.

-Oh, Annie...- ela me abraçou, também. - Fernanda... - minha mãe abraçou-a.
-Vó, esse é Justin, um amigo meu. - apresentei-o, e Justin sorriu, e minha vó abraçou-o. 

O enterro começou, eu não queria passar por aquilo. Todas as vezes que estive com meu avô passaram pela minha cabeça, e fui até seu corpo, dentro do caixão. Meu avô.

- Eu te amo demais. - murmurei, deixando as lágrimas caírem. Me afastei dali, eu não queria ficar perto do corpo dele. Não queria vê-lo sem o seu sorriso, sem vida. - Mãe, eu quero ir embora.

-Annie, eu vou ficar. - minha mãe falou. - É importante para mim.
-Mãe, eu não vou aguentar. O papai e o vovô, não tem como. - murmurei, chorando.
-Ei. - Justin chegou perto de mim. - Quer que eu te leve? Podemos ir de táxi.
-Não, vão com o meu carro. Volto com a sua avó. - minha mãe solucionou o problema.
-Tem certeza, mãe? - perguntei.
-Vão, Annie. - ela entregou as chaves para Justin. - Mais tarde vou para casa. Não se preocupe comigo. - ela pediu. - E fica bem.
-Vou tentar. - beijei sua testa, e fui com Justin até o carro.

-Obrigada, Justin. - agradeci.
-Você e sua mania de me agradecer... para com isso. - ele falou, entrando no carro.
-Não, obrigada por tudo. - falei, de uma vez. - Cara, você apareceu do nada, e já é tão importante, tão presente. Obrigada, sério.
-Vem cá. - ele me abraçou. - Annie, eu quero estar presente sempre. 
-Você está. - soltei-o, botando o cinto. 
-Vai fazer o que amanhã? - ele perguntou-me.
-Hm, nada. - falei. Amanhã era dia 16. Meu aniversário. - É meu aniversário, mas não vou fazer nada. Não tô no clima pra aniversário. 
-O que? Annie! Não vai fazer nada? - ele insistiu.
-Não, Justin. - murmurei. Pra quê eu fui falar?
-Então faz o seguinte, passa lá em casa de noite. Que aí eu peço pra minha mãe fazer um bolo, uma coisinha boba. - ele pediu.
-Não, Justin, não precisa. - falei. - Sério, não precisa.
-Promete que vai passar lá em casa?
-Justin... - insisti.
-Promete? - ele sorriu, com aquele jeito lindo que só ele tem.
-Caramba, só você mesmo... - murmurei. - Prometo, chato. - falei, e vi que havíamos chegado em minha casa.
-Acho bom você aparecer. Quero você 18:00 lá. Nem um minuto antes, nem um minuto depois. Sua mãe e seu irmão também.
-Tá bem, Justin. - concordei, enquanto ele estacionava o carro. Abri a porta assim que ele parou o carro, e saí.
-Te espero amanhã, então. - ele falou. - Não vai para a aula?
-Aula? Acha mesmo? - perguntei. 
-Imaginei. - ele riu, e me abraçou. - Até amanhã então, pequena.
-Até amanhã, Justin. - beijei sua bochecha, e entrei em casa, exausta.

Ao ver meu avô naquele caixão, eu quis morrer. Quis morrer, apenas para estar ao lado dele. Mas percebi que era hora de deixá-lo ir. Era hora de deixá-lo descansar em paz. Não sei se acredito nessas coisas de vidá após a morte, mas espero que agora, ele esteja mais feliz do que estava aqui. Esteja, finalmente, em paz.

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